Por Breno Marcos Rossi
Houve um tempo em que os craques brasileiros davam show no país e identidade a um clube. Pelé, Sócrates, Romário, Edmundo, Evair, Zico, Garrincha, Marcelinho, Raí, Giovanni, Sávio... Enfim, os nomes e rostos são muitos, ainda visíveis na memória dos mais saudosistas.
Esse tempo passou.
Hoje em dia, basta qualquer jogador mediano se destacar em algumas partidas, para que um time europeu venha com rios de dinheiro e seduza o atleta para o velho continente. O que dizer então dos craques de bola, jogadores como Breno, Pato, Lucas... Esses, se ficarem duas ou mais temporadas no time brasileiro que os revelou, já é muito.
Os jogadores estão migrando cada vez mais jovens para os times europeus, e deixando um vácuo enorme no futebol brasileiro, transformando o esporte bretão em uma modalidade sem sal e emoção.Qual seria a única alternativa viável para os clubes brasileiros, que não tem dinheiro para pagar muito bem um jogador, muito menos para cobrir uma proposta dos milionários clubes do outro lado do mundo?
Ser uma Europa genérica, em termos de dinheiro, e seduzir os jogadores de outros países, onde os salários são menores que o nosso. E podemos encontrá-los ali do lado, na Colômbia, Venezuela, Chile, Bolívia, Equador.
O Euro é muito forte para o Real. Mas o Real é muito forte para o Peso. Só para ter uma idéia, um dos jogadores mais bem pagos no Peru até o ano passado era Jorge Soto, que ganhava 20 mil dólares, ou seja, menos de 40 mil reais. Um dos técnicos mais cogitados e que dirigiu a seleção peruana, Juan Carlos Oblitas, ganha mais ou menos 40 mil dólares, ou 80 mil reais.
A América do sul é o caminho...
Foi pensando assim que os clubes brasileiros foram às compras e retornaram com o maior número de estrangeiros já vistos nos times regionais.
Antigamente havia um ou outro, apenas um nome, às vezes desconhecido, para reforçar uma equipe. Lugano no São Paulo, Maldonado no Cruzeiro, Petkovic no Flamengo, até achávamos muito quando vimos Tevez, Sebá e Mascherano no Corinthians.
Hoje em dia, três é pouco.
O pacotão para esse ano, do próprio Corinthians, por exemplo, trouxe Acosta, Suarez e Herreira. No Palmeiras temos Valdívia. O Santos trouxe recentemente o colombiano Molina, o equatoriano Michael "Jackson" Quiñonez e o chileno Sebastian Pinto.
No Rio, a constelação de estrangeiros é maior ainda. O Botafogo trouxe o goleiro Castillo, Ferreiro, Escalada. No Flamengo, encontramos Maxi, Gavilán, Colace. O Fluminense tem Conca. O Macaé vem com o camaronês Steve. O Vasco conta com o nigeriano Abu e o chileno Villanueva. O Madureira tem o sul-coreano Eloi e o mexicano Afonso.
Com a globalização cada vez mais freqüente no mercado do futebol brasileiro, está mais do que na hora de nossos jornalistas e profissionais do mundo da bola aprender outra língua, que em breve pode se tornar a oficial... O espanhol.