terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Bola em Jogo – Baixas de Guerra

Por Breno Marcos Rossi

Ele nasceu em setembro de 1976, tem 31 anos e é um ótimo esportista. Ótimo não, ele já foi o número 1 do mundo, mas teve a carreira marcada por lesões, o que impediu marcas ainda mais significantes em sua vida.
Se pensou em Ronaldo, o fenômeno, acertou. Se pensou em Guga, tricampeão de Roland Garros, acertou também.
Os dois tem mais em comum do que poderiam imaginar. Duas historias distintas, que se interligam diversas vezes na história, infelizmente, por fatos tristes da vida. Dois atletas que cravaram seu nome no esporte mundial, mas que podem encerrar precocemente a carreira.
Um luta contra fortes dores no quadril, enquanto outro enfrenta problemas complicados nos dois joelhos.

Guga vai se aposentar esse ano, após lutar, sem pensar em desistir tão fácil, contra suas dores, e acabar caindo muito de produção nos últimos tempos. O tenista pensou, pensou e resolveu parar enquanto dá.
A história de Ronaldo é um pouco mais complicada, e ficou pior depois que foram levantadas suspeitas de que Ronaldo teria tomado produtos contendo substâncias proibidas no passado, durante sua passagem pelo futebol holandês. O médico responsável pelas acusações, Bernardino Santi, acabou sendo demitido do cargo de coordenador de doping da CBF.Teria o jogador sido submetido a drogas pesadas, para melhorar seus rendimentos, e acabar aos poucos com o corpo do mesmo?
Seria Ronaldo seu pior vilão?
Pior talvez, porque se essa história foi verídica, ele não é o único vilão. Pior pois acabou com si próprio. Mais um, pois participou, em conjunto, de uma violação de seu próprio meio de trabalho.

Independente do que houve realmente, é sabido que os atletas, hoje em dia, são exigidos ao máximo, treinando e jogando exaustivamente, ou pior, usando e abusando de artifícios que vai contra qualquer senso e ética profissinal, como drogas e anabolizantes, a fim de conseguir um resultado mais rápido e chegarem ao topo em questão de meses ou ano, e isso pode ocasionar problemas futuros, como foi o caso de Ronaldo, Guga, e de muitos outros. A formação correta de um atleta acaba ficando em segundo plano, pois o que importa nos dias atuais é a grande história final. Ou a pessoa é uma vencedora ou não. A competitividade não abre espaço para segundo e terceiro lugares, e a busca pela perfeição vira prioridade.

Quantos jogadores já sofreram ou sofrem com esse mal. Nilmar (Internacional), Lenny (Palmeiras), Kerlon (Cruzeiro), Obina (Flamengo), Pedrinho (ex-Santos), Denis (atual Santos), Van Persie, Robben, Owen.
Quanto tempo perdido longe dos gramados, para tratarem de lesões que poderiam ser evitadas?E até quando isso continuará?
Quando irão perceber que, por mais craques que sejam os atletas, eles são apenas humanos, e tem um tempo para adaptar-se ao meio em que se encontram. Do que adianta bancar Deus e querer que eles se tornem adultos da noite pro dia? Craques de milhões da noite pro dia?
E as conseqüências? Ninguém pensa nisso?

Hoje sei que Ronaldo pensa. Conhecido mundialmente, inúmeros prêmios, mas qual foi o preço a pagar por isso?
Torço, como todos, por uma recuperação rápida daquele que é um dos grandes nomes do futebol, e para aquele que ajudou a difundir mais ainda o tênis em um país onde a bola mais conhecida é aquela que rola nos gramados, pé após pé.
Torço para que eles se recuperem, e parem por cima. Eles merecem isso, por toda a alegria que já nos deram.
Torço também para que os verdadeiros culpados sejam punidos e que os próximos Gugas e Ronaldos estejam conscientes do limite de seus corpos.Acima de tudo, torço pelo esporte, para que ele não perca o brilho e possa sempre ter nos campos e nas quadras, estrelas como Guga e Ronaldo.



Em tempo.

Achei muito legal a iniciativa que alguns jogadores tiveram, e ainda vão ter, de homenagear o fenômeno. Ao marcarem um gol, saem comemorando com um dedo levantado. Marca registrada de Ronaldo.
É esse o espírito esportivo que tanto me agrada, assim como à todos.